Quando termina uma relação

“A consequente torrente de mudanças que se segue a uma separação é mais difícil de tolerar se vier acompanhada de acusações, sentimentos de impotência, rejeição ou de fracasso. Quando apostamos em acentuar as nossas diferenças, os nossos defeitos e fraquezas ganham uma luz inusitada. Daí a tornarmo-nos nos «ex» em permanente conflito vai um passo. Rancor, recriminações e ira obscurecem e põem em perigo o nosso objectivo inicial de cooperação (…).

Quando uma relação se desfaz as emoções podem tornar-se intensas e avassaladoras. A capacidade de julgamento das pessoas pode ficar afectada por causa destas emoções fortes. (…) Os pais dominados pelas emoções podem igualmente assustar os filhos, pôr em risco a possibilidade de terem uma relação funcional com o outro progenitor, visando a educação dos filhos, e atrasar significativamente o seu divórcio emocional. (…) Perceber os seus sentimentos e os seus efeitos pode ajudá-lo(a) a fazer algo de construtivo a partir desta mudança radical na sua vida. (…)

À semelhança de uma ferida física, o processo de cura faz-se por fases. Para começar, as feridas têm de ser limpas, como deve ser, e tratadas para evitar complicações. Isto é doloroso, mas tem de ser feito para que a cura possa começar e a força possa regressar. O processo completo de cura pode ser mais rápido ou mais lento e as recaídas podem ser um punhado ou em grande quantidade. Novos golpes podem voltar a abrir estas feridas e provocar ainda maior estrago. A duração está dependente da forma como cuida de si, da informação que tem e do seu empenhamento para consigo e com os seus filhos. (…)

(…) Identificar as capacidades que o podem ajudar a sarar as feridas provocadas pela crise da separação ou divórcio pode revelar-se muito útil para si mais tarde.”

 

Referência: “Casa da Mãe, Casa do Pai – Construir dois lares para os seus filhos”, Isolina Ricci (2004), pp. 102-103.